domingo, 13 de março de 2011

Portugal em Direto

Após a Revista Visão, o Diário do Minho e o Jornal de Notícias, agora foi a vez do meu nome constar na televisão. Não é todos os dias que nos telefonam da RTP a pedirem para fazer uma pequena reportagem sobre um projecto nosso. E cá está, a partir do minuto 10, um momento que ficará na minha memória.

RTP - PORTUGAL EM DIRETO

I´m on fire

Por alguma razão, quer se goste mais ou menos, todos temos de admitir que algumas pessoas atingem, e mais importante, mantêm o sucesso porque são capazes de fazer coisas destas.
I´m on fire de Bruce Springteen

Casamento do Zéquinha

Conheço o Zéquinha desde que nasceu, já eu tinha 3 anos. Cresceu na porta ao lado da minha juntamente com 2 primos dele. Tornou-se o mais antigo amigo do meu mano, e de outra forma não podia ser. Ainda tive a felicidade e sorte tremenda de viver uma infância recheada de imaginação e jogos na rua, com direito a muitos joelhos esfolados, vidros dos vizinhos partidos enquanto se jogava à bola e discussões com rápidas resoluções. Lembro-me de jogar às mercearias, em que roubávamos tudo o que as nossas mães tinham nos armários e colocávamos à venda para os amigos. Até vendíamos sardinhas feitas a partir de pedaços de jornal numa bacia com água. Sentávamo-nos no chão a meio da tarde para misturar água com terra num serviço de café de brincar, que para nós não era mais do tomar café na esplanada mais chique do país. O dinheiro eram as notas do monopólio. Jogávamos ao esconde para desespero dos pais, pois escolhíamos os locais mais ridículos para esconder, e volta e meia, lá um adulto levava um empurrão enquanto corríamos para nos salvar. Sempre que tínhamos um novo brinquedo, não era para nós, era para brincar com os nossos amigos. Descíamos a rua num carrinho de rolamentos, e se as coisas corressem mal, ainda chegávamos a casa e ouvíamos um valente raspanete dos pais. Íamos e vínhamos juntos da escola. Invadíamos as casas dos vizinhos mais idosos que muito gentilmente nos ofereciam o lanche. Fazíamos questão de ver juntos os poucos desenhos animados que passavam na TV. Todas estas recordações incluem o Zéquinha.
Ontem ele casou, o tempo passa, as pessoas mudam, seguem cada uma a sua vidinha, e ainda bem que assim é. Mas melhor do que isso, é quando tudo muda, mas a amizade fica apesar da evolução de cada um. Para muitos, hoje ele é o Zé Carlos, para mim sempre será o Zéquinha. A ele, desejo as maiores felicidades do mundo.

Carrinho, o meu IP

Estive bastante tempo para escrever este post porque não conseguia, e ainda não consigo encontrar o discurso certo para expressar o sentimento. Precisava de comprar um carro, mais por necessidade do que por querer, e quando uma pessoa chega ao ponto de ter um carro com 12 anos, sem AC, sem vidros eléctricos nem sequer fecho central e não querer mudar é porque as razões devem ser grandes. E são! Um bolinhas Fiat Punto, que agora deixei com 260 mil km, incontáveis horas a conduzi-lo de Fafe ao Algarve, ao Alentejo, a Madrid, viagens diárias a Alpendorada, Porto, Gerês e muitas outras localidades nas primeiras horas da manhã ou já noite dentro após o final do dia de trabalho. Passei várias vezes por carros avariados na berma da estrada e tinha uma certeza, a que o meu bolinhas nunca me deixaria assim... e nunca deixou. São tantas as recordações naquele carro. Foi o meu primeiro bilhete de independência, o meu primeiro carro, e ainda mais valorizado pois sei que fui eu que o paguei. Diga-se o que se disser, o sentimento é diferente quando comparado a um carro oferecido pelos papás. Foi um orgulho imenso conduzi-lo durante 6 anos, foi ao seu volante que pensei e reflecti sobre o que provavelmente foram os melhores e piores momentos da minha vida. Não era o melhor carro na estrada, não era o mais seguro, não era o mais rápido nem tão pouco o mais apresentável. Deixei-o com imensas marcas na carroçaria, e sei onde foi feita cada uma... eram cicatrizes da dura vida que teve, felizmente coisas pequenas. Costumava dizer ao meu irmão que quando alguma coisa não estava bem no carro para falar com ele, que ele tinha vida própria. Óbviamente, isto parece no mínimo ridículo, mas a verdade é que após várias situações onde o falar com o carro resolveu o problema o meu mano deixou de ser tão céptico. Podiam ser apenas coincidências claro, mas não gosto de pensar assim. Passei tanto tempo destes últimos anos sentada naquele banco, que inevitavelmente se tornou um "amigo", ou se quisermos chamar, uma extensão de mim. Por isso, no dia em que pela primeira vez entrei no meu mais recente carro, um enorme sentimento de tristeza invadiu-me quando olhei o bolinhas que estava mesmo ao lado. Era a despedida, o inevitável afastamento. Ainda tenho o carrinho faço questão de, sempre que posso conduzi-lo. E de muitos carros que conduzi, nenhum deles me consegue preencher tanto como aquele. Estava velhinho para a dura vida que tinha, teve mesmo de ser assim. Mas ficam todas as recordações e a certeza que não foi um carro, foi o meu carro, o meu querido bolinhas. Aquele carrinho velhinho a andar na estrada, mas com uma confiança descomunal a somar km.
Agora, carro melhor, mais confortável, mais económico, mais rápido... mas não é a mesma coisa.
Vou ter saudades do meu IP, o meu "jipe" que me levava a todo o lado e passava em qualquer rua estreita ou subia montes.