domingo, 13 de março de 2011

Casamento do Zéquinha

Conheço o Zéquinha desde que nasceu, já eu tinha 3 anos. Cresceu na porta ao lado da minha juntamente com 2 primos dele. Tornou-se o mais antigo amigo do meu mano, e de outra forma não podia ser. Ainda tive a felicidade e sorte tremenda de viver uma infância recheada de imaginação e jogos na rua, com direito a muitos joelhos esfolados, vidros dos vizinhos partidos enquanto se jogava à bola e discussões com rápidas resoluções. Lembro-me de jogar às mercearias, em que roubávamos tudo o que as nossas mães tinham nos armários e colocávamos à venda para os amigos. Até vendíamos sardinhas feitas a partir de pedaços de jornal numa bacia com água. Sentávamo-nos no chão a meio da tarde para misturar água com terra num serviço de café de brincar, que para nós não era mais do tomar café na esplanada mais chique do país. O dinheiro eram as notas do monopólio. Jogávamos ao esconde para desespero dos pais, pois escolhíamos os locais mais ridículos para esconder, e volta e meia, lá um adulto levava um empurrão enquanto corríamos para nos salvar. Sempre que tínhamos um novo brinquedo, não era para nós, era para brincar com os nossos amigos. Descíamos a rua num carrinho de rolamentos, e se as coisas corressem mal, ainda chegávamos a casa e ouvíamos um valente raspanete dos pais. Íamos e vínhamos juntos da escola. Invadíamos as casas dos vizinhos mais idosos que muito gentilmente nos ofereciam o lanche. Fazíamos questão de ver juntos os poucos desenhos animados que passavam na TV. Todas estas recordações incluem o Zéquinha.
Ontem ele casou, o tempo passa, as pessoas mudam, seguem cada uma a sua vidinha, e ainda bem que assim é. Mas melhor do que isso, é quando tudo muda, mas a amizade fica apesar da evolução de cada um. Para muitos, hoje ele é o Zé Carlos, para mim sempre será o Zéquinha. A ele, desejo as maiores felicidades do mundo.

Sem comentários:

Enviar um comentário