sábado, 13 de fevereiro de 2010

Se pudesse escolher...

Tomei a liberdade de "roubar" este fantástico texto do blog "Noites em claro que povoam meus dias escuros", alojado em http://mateiaines.blogspot.com/.
E porquê este plágio? Simplesmente porque cada palavra faz sentido. Um texto tão simples e rico. E verdade seja dita, é isto que eu QUERO!



Não tenho tristeza de morrer, medo muito menos, nunca poderei saber o que é estar morta, sem de facto morrer, sei contudo o que é estar viva e nada mais sentir, que a desprezível dor do teu amor… nada mais sinto que a dor do teu amor. Mas elas confundem-se no entanto, entrelaçam-se como dois corpos durante o sexo. Sei no entanto através dela o que é sentir-me viva, e sentir a vida no fio da navalha. Sinto-me também exausta de tanto sentir sem contudo saber aquilo que sinto. A exaustão das manhas sublimes em que desperto a teu lado em silêncio, vendo o dia a clarear, sentindo a cada amanhecer que envelheço mais um dia. Procuro em mim a resposta? Que em lado nenhum encontro… perdi-me no dia em que te encontrei... fica a pergunta para ti e para mim, ou para quem souber a resposta… quando fiquei eu assim? Que aconteceu no processo?
Quem nunca sentiu a dor do amor dilacerante? Nunca amou verdadeiramente… são uma espécie de vegetais, de carneiros, que apenas caminham no sentido dos outros. Esses nunca partilharam do meu mundo, nunca contemplaram o meu sol nunca respiraram o ar da minha boca, nem beberam água dos meus lábios. Mas no fim irão partilhar do meu destino! O meu talvez mais curto… mais cruel! Mas definitivamente mais poético e mais verdadeiro, e por fim mais intenso.
Não quero morrer de velhice encostada a um qualquer cadeirão, a usar fralda, a urinar-me pelas pernas abaixo, num qualquer refúgio para velhos, apenas esperando a hora da sopa e quem sabe a hora da morte momentos a seguir. Não quero ir ingloriamente quando já nada há a esperar da vida, quando nem os vermes se poderem deliciar com a minha carne. Quando já nem me possa lembrar das coisas boas da vida! Do que é fazer amor… da noite e do dia… do lusco-fusco que tanto amo, e por fim de ti… do teu rosto, do calor do teu corpo, da forma bruta como me possuis. Não achas triste morrer assim?
Eu prefiro, morrer intensamente, como vivi! Quero sentir a dor de uma lâmina fria a entrar-me no ventre quente, ou a bala quente entrar-me na carne fria… quero sentir o sangue quente a esvair-se lentamente, por entre os meus dedos, e com ele a dor fria da morte á espreita. Quero entrar no infinito intensamente como só as almas selvagens o conseguem fazer.
Se pudesse escolher…
Um dia…
Um lugar…
Um modo de morrer.
Assim seria!

2 comentários:

  1. Obrigada pelas palavras reconfortantes, são pequenos excertos daquilo que espero que venha a ser uma obra literária. contudo não consegui resistir a partilhar com algumas pessoas das quais fazes parte...
    É sempre óptimo ver um texto nosso citado num blogue da qualidade do teu! Será sempre um prazer ser "roubado" por ti....

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  2. Respeito e um grande privilégio por lêr e "roubar" os teus textos e por partilhares comigo isso.
    A qualidade não é do blog, é das pessoas com quem partilho o que descubro e vivo dia após dia.

    Parilhar... linda palavra e cada vez menos usada

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